terça-feira, 18 de março de 2014

A visão abolicionista de Machado de Assis




Machado de Assis foi uns dos maiores escritores e gênio da literatura brasileira. Nascido em 21 de junho de 1838, no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, vindo de família muito humilde, mal frequentou escolas públicas e universidade, sua superação foi maior que suas dificuldades para subir socialmente e conseguir trabalhar em cargos públicos, como no Ministério da Agricultura, de Obras e  Comércio, típico de um afro-brasileiro que vai a luta para derrubar barreiras e mostrar o seu valor como cidadão.
Mesmo sendo um grande literário, Machado de Assis não escapou de criticas sobre sua participação no Movimento Abolicionista no Brasil, chegando até afirmar que  escritor fingia não ver o problema crítico e vergonhoso  de um Brasil ainda escravista  na primeira metade do século XIX, uma visão errônea  sobre o escritor, pois Machado de Assis soube usar da ironia para descrever a sociedade brasileira, através de suas obras e contos, o escritor descrevia de forma sutil , a elite brasileira branca, mostrando sua falsidade e hipocrisia em relação a situação do negro, como ele  fez em um conto publicado no dia 19 de maio de 1888, ou seja,6 (seis) dias após a Abolição da Escravatura ,no Jornal Gazeta de Noticias , em que o senhor  antecipa a liberdade para o seu escravo, porém, o mesmo permanece  na casa do senhor por não ter para onde ir , aceita as condições do seu senhor, como tapas nos ouvidos e em troca alguns trocados, pois não podia pagar  muito, demonstrando assim, que a situação do negro praticamente não tinha mudado e muitos ficaram  a mercê  da sociedade que nada fez para o negro que com muito suor e sangue , ajudou a construir esse país.
Outra duas obras de Machado de Assis : “ O caso da Vara” e “ Pai contra Mãe”, demonstram claramente  a visão abolicionista do escritor  e agressiva , muito diferente de outras obras machadianas, como relata em uns dos  trechos abaixo  do conto “O  caso da Vara”:


(...) Uma destas, estúrdia, obrigada a trejeitos, fez rir a uma das crias de Sinhá Rita, que esquecera o trabalho, para mirar e escutar o moço. Sinhá Rita pegou de uma vara que estava ao pé da marquesa, e ameaçou-a:
— Lucrécia, olha a vara! A pequena abaixou a cabeça, aparando o golpe, mas o golpe não veio. Era uma advertência; se à noitinha a tarefa não estivesse pronta, Lucrécia receberia o castigo do costume. (...).
E em Pai contra Mãe :

“só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado”.

Muito amigo de José Alencar, Machado de Assis escreveu para o amigo , em 16 de fevereiro de 1868, elogiando Castro Alves e a luta  e drama de Luiz Gama, ambos grandes abolicionista da época. Enquanto Castro Alves denunciava explicitamente a escravidão, Machado de Assis revelava de outra forma, ou seja, nas atitudes, como a falsa camaradagem  do homem branca e rico com o negro, de forma estereotipa: dócil, selvagem, amigo, etc.
O que Machado de Assis fez em suas obras é mostrar uma sociedade falsa que tanto prega a igualdade a igualdade entre todos, porém, o que define como um cidadão brasileiro é a sua condição financeira, realizando a inclusão ou exclusão da mesma, tentando ocultar o sistema colonial e escravista presente na sociedade brasileira no século XIX e ainda persiste no século XXI com a falsa democracia racial. São séculos diferentes, mas atitudes ,ações e preconceitos ainda continuam.
Machado de Assis era preocupado com o homem e sua  interioridade psicológica e moral, e o negro também era um ser humano , antes mesmo da sua condição servil e era assim que  Machado de Assis via e o retratava em suas obras.





REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, Machado de. Obras Completas de Machado de Assis - Páginas Recolhidas. São Paulo: Ed. Formar Ltda.S/D.
ASSIS, Machado de. Obras Completas de Machado de Assis - Relíquias da Casa Velha. São Paulo: Formar Ltda.S/D.


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